quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Taim é belo...

Uma vez por ano, sempre no final de outubro inicio de novembro atravessamos o Taim ida e volta.
“O Taim é belo...”, e assim que começa os dizeres em uma placa. Puro engano!
A estrada que atravessa a reserva do Taim tem o cheiro da morte. O que chama a atenção e nunca vemos movimento naquela rodovia, mas o numero de capivaras mortas impressiona.
Nem a beleza das aves (que este ano não vimos muitas) ameniza a tristeza que vai a cada quilometro tomando conta de cada um dos ocupantes do automóvel. Pouco a pouco fomos nos calando e não esboçávamos mais nenhum som de espanto ou surpresa.
Os animais atirados com as vísceras amostra um após o outro, vimos uma mãe capivara e sua cria lado a lado destroçados. Alguns já fazem parte do asfalto, são como tapetes peludos apenas o couro nos lembra que aquilo foi um ser vivo.
Foi tão triste que após alguns quilômetros somente que estava dirigindo olhava para a estrada. Os demais olhavam para o céu ou quem sabe para o nada.
Na volta o quadro piorou porque os animais mortos a mais tempo exalavam o cheiro da morte e os que a pouco havia morrido estampavam uma expressão irônica com seus dentões a mostra como se estivessem rindo da nossa miséria “humana”.
Como uma pessoa pode ter a coragem ou melhor, a insensatez e atropelar animais tão visíveis como aqueles? Só pode ser por maldade pura e simples.
O antropólogo Lévi-Strauss (falecido recentemente) disse certa vez: “Meu único desejo e um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele”.
As capivaras da reserva do Taim com certeza não precisam de nenhum ser humano.
Escrito por Maria Lúcia

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